Mentirinha
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…
- Como assim?!
- Ué!? Como assim, o que?!
- Você me conta isso assim, na cara dura?!
- Mas é o que eu sentia…
- Mas não dá pra contar assim. Tum! Sabe?
- Pum?
- É, Tum! Você não pode sair dando a verdade como se fosse um tapa!
- Ué, mas vou falar a verdade como?
- Conta uma mentirinha antes.
- Uma mentirinha…?
- É! Tipo, você conta uma daquelas mentiras que eu sei que é mentira, mas a gente concorda só para a gente ficar bem.
- Então você quer que eu minta… e você vai saber que eu estou mentindo… mas isso é bom?!
- Descaradamente, não! Eu não sou palerma assim! Inventa, tipo assim, uma mentira que eu acreditaria. Mas que no fundo, a gente sabe qual é verdade.
- Mas isso não faz sentido algum… Eu não estou te entendendo!
- Ai meu Deus, é muito simples! Aqui, vou até te dar um exemplo: você sabe que eu amo ameixa, né?
- Sim.
- E você comeu a minha última ameixa e eu fiquei brava por isso.
- Sim…
- “Sim”, não! Você é muito direto ao ponto. Você precisa me contar uma mentirinha pra eu não ficar mais brava!
- Mas você até falou que eu estava com bafo de ameixa… como que eu vou mentir assim?
- Você quer que eu continue de cara?
- Não…
- Então me enrola! Usa esse exemplo, vai!
- Tá… Hãn… Deve ter sido alguém que me visitou e comeu sem avisar.
- Isso!
- Tá, mas isso é uma coisa boba. O que estamos tratando agora é —
- Você quer que eu continue de cara?
- Mas —
- Pense bem na sua próxima mentira!
- Ok… A culpa é minha… e…
- E…?
- Eu te amo.
E foram felizes para sempre.