No que vai dar

Bruno Torres Boeger
2 min readOct 11, 2020

No WhatsApp (é uma relação moderninha):

  • Oi Thá!
  • Oi, td bem?
  • Td e vc? Como tá seu dia?
  • Ah, tá o de sempre… meu chefe torrando e eu tendo que correr feito louca atrás das coisas.
  • Hmmmmm.
  • E vc, ta fazendo o que?
  • Posso te perguntar uma coisa?
  • Só vou saber se você perguntar, né? rs.
  • É né… rs. Então… eu queria saber assim… o que a gente é.
  • Como assim, Genilson?
  • Ah, tipo, a gente tá saindo faz um tempo, né? E eu queria saber o que a gente é, pra onde a gente tá indo…
  • Não tô te entendendo… pra onde a gente tá indo?
  • É… tipo… a gente é sério?
  • Ahh… entendi. Então… a gente tá se curtindo!
  • Se curtindo?
  • É! Sabe? Aproveitando as coisas boas!
  • Hmmmmmm.
  • A gente vai se conhecendo aos poucos e vai curtindo…
  • Mas então é casual?
  • Nãããão Genilson, rs! A gente tem essa conexão… e estamos nos curtindo…
  • Conexão?
  • É, a gente se gosta, tá vendo no que vai dar.
  • Mas é algo sério ou casual?
  • Ai Genilson, para de querer rotular tudo!

E assim foi seguindo: depois de 2 anos, resolveram morar juntos. Qualquer tentativa de definição do relacionamento era desviada com “não precisamos rotular” — essa história de dar nomes aos bois ficou para a geração dos pais, com seus casamentos e relacionamentos confusos. Um relacionamento, para ser feliz, não precisa de um nome ou definição. “Vamos ver no que vai dar…”

Um dia, chegando em casa, a Thá encontra Genilson pelado e amarrado na cama, com dois homens, duas mulheres e um pato com roupa de couro (não pergunte). Horrorizada com a situação, ela protesta fervorosamente e pergunta como ele pôde fazer isso com ambos.

Amarrado na cama, responde:

  • Tô vendo no que vai dar!
Unlisted

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Written by Bruno Torres Boeger

Service Designer, Macro Photographer and Chronics

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